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Envelhecimento populacional: mudanças, impactos sociais e formas de assistência

Por Paula Pamplona



A população mundial está envelhecendo aceleradamente, devido ao controle das taxas de fecundidade e mortalidade, das descobertas de causas e tratamentos de diversas doenças e do aprimoramento das condições de saneamento básico, aumentando, assim, a expectativa de vida (OMS, 2005; Paschoal, Salles & Franco, 2006). No caso do Brasil, com a efetivação dessas mudanças, a expectativa de vida cresceu consideravelmente, passando de 45,4 anos em 1940, para 75,4 anos, segundo a última pesquisa realizada pelo IBGE (2015). A previsão é de que, em 2050, aumente ainda para 81,3 anos (IBGE, 2002).


O número de idosos varia em cada região e estado do Brasil. Os Estados do Rio Grande do Sul e do Rio de Janeiro têm maior proporção da população idosa, 17,71% e 17,55%, respectivamente. Já no Ceará, 14,91% de toda a sua população corresponde a pessoas com idade igual ou superior a 60 anos (IBGE, 2015).


A medida que o número de idosos aumenta e a expectativa de vida cresce, cada pessoa precisa se preparar para o seu próprio envelhecimento, de seus amigos e familiares

Envelhecimento e a Necessidade de Ações Governamentais

De acordo com Paschoal, Salles e Franco (2006) e Nascimento (2014), a longevidade é uma consequência do desenvolvimento científico e tecnológico, mas vem acompanhada de diversas implicações na vida do ser humano e da sociedade. A medida que o número de idosos aumenta e a expectativa de vida cresce, cada pessoa precisa se preparar para o seu próprio envelhecimento, de seus amigos e familiares e, também, a sociedade precisa se adaptar para atender as novas existentes.


O Brasil, antes considerado um país de jovens, oferece políticas sociais suficientes para esse público, mas precisa estender políticas acessíveis e adaptadas para os idosos. Com o envelhecimento populacional, aumenta a demanda aos serviços de saúde, aos serviços de assistência ao idoso, cresce também o número de pessoas economicamente inativas e há a necessidade de reformulação das leis e políticas públicas e sociais presentes (Paschoal, Salles & Franco, 2006).


Identificando um idoso

Envelhecer é um processo gradativo e natural da vida, havendo modificações de ordem fisiológica, psicológica, cognitiva e social. Diferente da fase de puberdade, que tem o seu início marcado pela menarca, a fase do envelhecimento não apresenta um marcador específico do seu início, por isso, é definida principalmente por fatores cronológicos. Assim, é considerado idoso qualquer pessoa com mais de 60 anos em países em desenvolvimento, como o Brasil, e a partir de 65 anos em países desenvolvidos.


Entretanto, além desse fator, sabe-se a influência de questões socioeconômicas, de gênero, acesso a saúde e educação, história de vida, entre outros fatores nesta fase, o que determinam as diferenças entre idosos, seja este de 60, 80 ou 100 anos (Carvalho Filho, Papaléo Netto & Garcia, 2006; Papaléo Netto, 2018).


A idade cronológica, idade psicológica e idade social

Por essa diversidade de aspectos que influenciam o envelhecimento, há uma distinção teórica entre idades cronológica, psicológica e social.


A idade cronológica está relacionada à idade biológica, ou seja, o tempo de vida. A idade psicológica se refere tanto a relação entre idade cronológica e as capacidades do indivíduo, tais como percepção, memória e aprendizagem, como também está ligada ao senso subjetivo de idade, como a pessoa se percebe comparada a outros indivíduos da mesma faixa etária. A idade social avalia se os comportamentos de um idoso estão adequados em relação ao padrão esperado para pessoas de sua idade e para o contexto histórico-social em que vive (Papaléo Netto, 2018).


Além disso, segundo Papaléo Netto (2018), há uma grande heterogeneidade do processo de envelhecimento que tem originado questionamentos sobre o que seria a normalidade em relação à população idosa. Sabe-se que o ritmo de declínio das funções orgânicas varia entre indivíduos e entre órgãos, o que dificulta uma padronização do envelhecer. Por isso, surgem diversas pesquisas e teorias para buscar definir formas distintas de envelhecimento, seja comum ou usual, bem-sucedido ou saudável, normativo, ativo, entre outros termos.


As mudanças biológicas se destacam e recebem maiores investimentos dos idosos, principalmente por oportunizarem limitações mais significativas e, normalmente, serem as primeiras a se apresentarem

Entretanto, sabe-se que essa multiplicidade de aspectos justificam a necessidade de se pensar no ser humano de forma global, abrangendo a inter-relação da saúde e da doença, além das questões socioeconômicas e ambientais já descritas.


Mudanças enfrentadas pelos idosos

Apesar de todos esses aspectos, as mudanças biológicas se destacam e recebem maiores investimentos dos idosos, principalmente por oportunizarem limitações mais significativas e, normalmente, serem as primeiras a se apresentarem. Dentre essas mudanças podemos destacar a perda de peso, redução do metabolismo e da massa corpórea magra, enrugamento da pele, lentidão do pulso, do ritmo respiratório e da digestão, os cabelos embranquecem e caem com mais facilidade, alterações no equilíbrio e na marcha, entre outros. Tudo isso é um reflexo de alterações somáticas que, mais cedo ou mais tarde, chegará em todos as pessoas, já que o funcionamento do corpo chega no seu ápice na fase adulta (Marchi Netto, 2004).


Como consequência disso, aparecem doenças e problemas recorrentes no processo de envelhecimento, tais como: osteoporose, desequilíbrio e quedas, artrite, artrose, hipertensão e diabetes, que, a depender de fatores genéticos e da história de vida de cada um, pode aparecer mais rápido ou mais lentamente, mais graves ou mais leves (Marchi Netto, 2004).


Para atender a complexa demanda dos idosos, seja a nível individual ou social, seja em aspectos físicos, cognitivos ou psicológicos, é importante o acompanhamento de uma equipe interdisciplinar

Todas essas mudanças, apesar de evidentes e observáveis, ainda são uma incógnita para os pesquisadores e estudiosos da área. Permanecem até hoje dúvidas sobre os mecanismos que acarretam tais modificações orgânicas no idoso, principalmente com o avançar da idade, trazendo cada vez mais fragilidades e aumentando a vulnerabilidade nesta fase da vida. Por isso, diversas são as teorias criadas para explicar o envelhecimento, como a teoria baseada em alterações metabólicas, ou a baseada em alterações dos sistemas orgânicos (teoria do marca-passo), ou ainda baseada em alterações celulares e macromoleculares (Carvalho Filho, Papaléo Netto & Garcia, 2006).


Além disso, há diversas vertentes de estudos sobre as consequências do envelhecimento populacional no Brasil. Fato é que se deve pensar prioritariamente na saúde primária, em prevenção de doenças e promoção de saúde, buscando retardar o aparecimento de doenças crônicas progressivas. Diante disso, para atender a complexa demanda dos idosos, seja a nível individual ou social, seja em aspectos físicos, cognitivos ou psicológicos, é importante o acompanhamento de uma equipe interdisciplinar. Como recomenda a Organização Pan-Americana de Saúde (OPAS), qualquer atividade planejada de promoção de saúde deve incluir profissionais do campo biológico, psicossocial, político e legal. Esses profissionais poderão, juntos, avaliar e colaborar com a melhora da capacidade funcional do idoso e, assim, o seu bem-estar e sua qualidade de vida (Papaléo Netto, 2018). Clique aqui e veja em nosso outro post como identificar a depressão em idosos.


Portanto, existem muitos estudos sobre envelhecimento humano, diferentes formas de assistência, doenças recorrentes, teorias, tecnologias e políticas públicas e sociais. Porém, em todos os casos, deve-se buscar retardar o aparecimento de doenças crônicas progressivas e estimular a saúde global do idoso.



 

Paula Pamplona Costa Lima

é Psicóloga e Mestre em Psicologia pela Universidade de Fortaleza (UNIFOR). Fundadora do Clube Viva (Centro-dia para idosos). Membro do Laboratório OTIUM – Grupo de estudo multidisciplinar sobre ócio e tempo livre.

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