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  • Foto do escritorRodrigo Gouvêa

A sexualidade na clínica - compreender e manejar

É comum ouvir de recém-formados em psicologia a dificuldade para olhar sexualidade humana, já que a faculdade trouxe bem pouco sobre o assunto. Ainda mais comum, existir terapeutas com anos de profissão, tendo o mesmo entrave e não sabendo manejar quando pacientes falam sobre questões da vida sexual ou da identidade sexual. Por outro lado, sexualidade é um aspecto dinâmico da vida de cada pessoa, e socialmente com tanta necessidade de atualização, que pode realmente provocar dificuldade na condução clínica.



Podemos pensar, então que a clínica está também para favorecer uma sexualidade sadia. E como dizem Abawi, Smith e Marnicio (2017, p. 31):


“A sexualidade e a saúde sexual não são puramente determinadas pela disposição e pelos desejos do indivíduo, mas construídas por meio de interfaces complexas entre o indivíduo e seu ambiente. Na realidade, a escolha individual não é o único fator determinante de saúde ou de comportamentos de risco. A habilidade dos indivíduos de escolherem livremente suas vidas sexuais é um elemento decisivo da boa saúde e do bem­-estar sexual. Em um relacionamento sexual ou romântico, porém, muitas escolhas são compartilhadas e devem ser negociadas entre os parceiros.”


A sexualidade é um aspecto valioso para se trabalhar no consultório, afinal ali se fala de intimidade, medo, autonomia, prazer, empoderamento, dores, relações com o outro, com o mundo e principalmente consigo mesmo

E complementando, os autores afirmam (2017, p. 30), “A saúde sexual é pesadamente influenciada por fatores individuais, familiares, comunitários, culturais, socioeconômicos, políticos e ambientais.”


A condição multifatorial da sexualidade

Neste sentido, o DSM-V trouxe a ideia do aspecto multifatorial ao olhar os transtornos sexuais, considerando questões de parceria, relação, vulnerabilidade individual, cultura, religião, fatores de stress e comorbilidades como importantes no quadro diagnóstico. Tendo, portanto, uma base biopsicossocial, precisando entender a problemática do transtorno a partir de uma perspectiva de interação entre fatores biológicos, socioculturais e psicológicos.


Temos em Ambrogini, Lordello e Zaneti (2017, p.237):


O comportamento sexual é determinado por uma complexa interação de fatores. Pode ser afetado pelo(s) relacionamento(s) do indivíduo com outro(s), por circunstâncias da vida e pela cultura em que vive. A sexualidade está vinculada com elementos da personalidade, constituição biológica e com um senso geral de ser. Engloba a percepção de pertencer (ou não – acréscimo meu) ao gênero masculino ou feminino e reflete as experiências evolutivas do indivíduo, durante todo o seu ciclo de vida.”


A sexualidade é um aspecto valioso para se trabalhar no consultório, afinal ali se fala de intimidade, medo, autonomia, prazer, empoderamento, dores, relações com o outro, com o mundo e principalmente consigo mesmo. Negar ou não abordar isso, pode ser uma falha imensa do analista, levando a análise a paralisar nos pontos cegos e na não compreensão do todo do paciente.


A sexualidade foi represada por anos, e temos vestígios diários do enclausuramento que muitos precisam viver. É comum pacientes chegarem com resistências, bloqueios, vergonha, sinais de lgbtqia+fobia internalizada, reação negativa, falta de confiança, sequelas de agressões de violência emocional, sexual e de gênero. Outros, experimentam processos terapêuticos anteriores com profissionais não qualificados e podem ter dificuldade para se abrirem.



Referências bibliográficas

ABAWI, Karim, SMITH, Mirella e MARNICIO, Ariana. Introdução à saúde sexual. In: DIEHL, Alessandra e VIEIRA, Denise Leite. Sexualidade: Do prazer ao sofrer. Rio de Janeiro: Roca, 2017. 2ª ed.

AMBROGINI, Carolina, LORDELLO, Maria Claudia de Oliveira e ZANETI, Mariana Milograna. Disfunções femininas. In: DIEHL, Alessandra e VIEIRA, Denise Leite. Sexualidade: Do prazer ao sofrer. Rio de Janeiro: Roca, 2017. 2ª ed.

DSM-V.


Rodrigo Gouvêa

Contato: @psigouvea - (21) 97956525 - drigouvea@uol.com.br Psicólogo (CRP 05/39795), sexólogo, especialização em psicologia junguiana, terapeuta de família e casal, especialização em sexologia aplicada, terapeuta cognitivo sexual, arteterapeuta, membro associado à SBRASH. Ministra aulas e orientação em grupos de estudo sobre Sexualidade Humana. Supervisor em Sexualidade Humana. Coautor dos livros O poder da autoestima, Autoamor: e Estudos em sexualidade vol. 2.

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